“... Mil cairão ao teu lado e dez mil a tua direita e tu não serás atingido!”

Quem? Eu? Será?
Estamos vivendo um período complicado e difícil no meio da Igreja, o verdadeiro evangelho tem se modificado, e atendendo, como um produto, a necessidade dos clientes palavras e frases de alta ajuda tem se implantado em nosso meio. Diante das dificuldades e problemas que aparecem achamos que uma simples palavra “jogada” vai mudar toda história da nossa vida, esquecemos que a vida do Cristão não é um mar de Rosa, o próprio Jesus afirmou em: “Mc 8:34 Todo aquele que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Quase todos esquecem que tomar a cruz de Cristo não é nada fácil. Cruz é sinônimo de sofrimento, traição, deboche, sacrifício, etc... Porem preferimos pronunciar e acreditar que:
Tá amarrado.
Eu não aceito. Eu rejeito.
Você não nasceu para sofrer. (essa é demais)
Você não morrerá enquanto o Senhor não cumprir suas promessas em sua vida.
Seus inimigos estão debaixo dos seus pés.
Etc...etc... e etc...
Resolverão nossos problemas.
Diante desses chavões ou palavras de auto-estima (auto-ajuda) esta inserido o versículo 7 do capitulo 91 do livro de Salmos: “Mil cairão ao teu lado e dez mil a tua direita e tu não serás atingido!”
Quem nunca pronunciou esse versículo diante de algum problema ou para algum ente ou amigo querido? Como uma fada com sua vara de condão esperamos que através dessas palavras os nossos problemas venham ser resolvidos.
Agora, como explicar esse Salmo, por exemplo, aos irmãos que perderam tudo o que tinham, como bens materiais e familiares, na tragédia da região Serrana do RJ que matou mais de 900 pessoas em Janeiro desse ano?
Para entendermos a Palavra de Deus não basta simplesmente escolhermos um versículo e jogá-los como se fosse “loteria”. Devemos compreender o texto, contexto, histórico cultural...
Todos sabem que O livro dos salmos é um livro bíblico com 150 capítulos. Os textos contidos neste livro são poemas religiosos considerados louvores ou orações no Cristianismo.
A autoria da maioria dos salmos é atribuída ao rei Davi, o qual teria escrito pelo menos 73 deles. 12 salmos são atribuídos a Asafe. Os filhos de Corá são considerados autores de nove salmos e o rei Salomão de pelo menos dois. Hemã, com os filhos de Corá, bem como Etã e Moisés, escreveram no mínimo um salmo cada. Os outros 51 salmos são de autoria anônima.
Porem o Salmo que estamos analisando é o Salmo 91, esse Salmo, ou louvor, era utilizado pelo exército de Israel quando esses saiam para guerrear, eles (o povo) iam cantando, adorando a Deus com esse louvor, onde Deus é o seu principal Refugio e Fortaleza!
A palavra “tu” no versículo 7 esta fazendo menção a nação de Israel. O Salmista louva a Deus para que todos do exército escutem que mesmo que alguns morram na guerra (mil caiam a direita e dez mil a esquerda) a nação (tu) não será atingida.
Compreendemos que todas as coisas que aconteceram no Antigo Testamento servem como sombra das coisas que viriam a acontecer no Novo: Hb 10:1 “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas...”.
Sabemos que a nação de Israel foi, e ainda é, a nação escolhida de Deus, porem hoje nós a Igreja de Cristo representamos Deus nessa Terra: 2Co 5:20 “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo...”.
Quando falo de Igreja não me refiro a denominação, mais sim a igreja invisível de Deus, aquela que será arrebatada, alias foi o próprio Jesus que a inaugurou, em Mt 16:18 "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Essa pedra é Jesus, ou seja, Pedro não tinha condição de suportar uma estrutura tão forte, como o seu próprio nome explica: Petros – Pedra pequena, E Jesus a funda (Igreja) sobre a sua responsabilidade, sobre a sua estrutura, e é por isso que estamos aí a mais de 2000 anos pregando e anunciando a poderosa Palavra de Deus, apesar das perseguições que muitos crentes enfrentaram, alguns morreram comidos por leões, ursos, servindo de espetáculo no Coliseu Romano, por exemplo, porem o sangue desses Cristãos serviam como adubo para a Igreja de Cristo crescer, ir avante.
Não me esqueço das palavras de Inácio de Antioquia, sucessor do Apostolo João, quando ia sendo levado para ser morto dentro da arena do Coliseu Romano ele escreve uma carta ao seu pequeno rebanho os encorajando a prosseguirem firmes no caminho do Senhor:
“Que as feras venham e me dilacerem e se elas não o fizerem eu as provocarei, para que eu possa ser como um trigo de Cristo, moído nos dentes das feras”.
O que dizer de Policarpo, bispo de Esmirna, diz à história que o procônsul romano, Antonino Pio, e as autoridades civis tentaram persuadí-lo a abandonar sua fé. Ele entretanto, respondeu com autoridade:
“Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um crente”!
No ano 155, em Esmirna, Policarpo é colocado na fogueira. Milagrosamente as chamas não o queimaram. Seus inimigos, então, o apunhalaram até a morte e depois queimaram o seu corpo numa estaca, porem as marcas desse homem de Deus são lembradas ate os dias de hoje e como o segnificado do seu nome, Poli – Muitos, Carpo – Frutos. O seu ato rendeu e rende muitos frutos para obra do Senhor! Coisa Maravilhosa!
Assim como a nação de Israel saia para enfrentar seus inimigos a Igreja de Cristo hoje vive em uma guerra, “Ef 6:12 “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.”
E nessa guerra alguns, como citado à cima, morrem, “mil cai à direita e dez mil à esquerda mais a Igreja (tu) não é atingida”.
A verdadeira igreja de Cristo, em meio às dificuldades, inovações, perseguições, permanece de pé levando a verdadeira palavra da Cruz em diante vivendo cada dia na expectativa de um dia estarmos para sempre com ele no Céu.
Lembrando sempre que:
“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8: 35 ao 39
Pb Leandro Carlos – AD Madureira